Pesquisa FRAS-LE & FREMAX revela as técnicas de frenagem dos pilotos da Stock Car

Competidores se dividem na opção de usar o pé direito ou esquerdo para acionar os freios. Motivos são variados, e passam por melhor gerenciamento de materiais e até mesmo economia de combustível

07/10/2020

Apesar do talento, da precisão e da velocidade exigidas para se domar um carro de corrida, independentemente de sua potência, peso ou tamanho, cada piloto tem seu estilo próprio de condução. O carro da Stock Car, que apesar de ter os três pedais como nos carros de rua manuais – com acelerador, freio e embreagem -, possibilita aos pilotos a escolha de qual pé usar no procedimento de frenagem, já que a embreagem só é usada quando o carro é colocado em movimento depois de engatada a 1ª marcha.

 

Pilotos que passaram pelo kart – onde não há como não frear com o pé esquerdo, porque a coluna de direção serve como uma divisória entre os dois pedais -, e categorias de monopostos (fórmulas), geralmente optam mais pelo uso do pé esquerdo, embora alguns, ao ingressarem na Stock Car, tenham voltado a usar o pé direito. Maior pressão (esquerdo) e maior precisão (direito) são os fatores fundamentais na escolha da maioria dos pilotos.

 

“O freio de um carro de corrida vai além da função de promover a desaceleração; ele pode ser usado para ajudar a corrigir uma trajetória ou uma tendência do carro em determinado tipo de curva, como os subesterços (saídas de frente), e dentro desse universo, cada piloto se adapta de um jeito e faz a sua escolha por usar um ou outro pé”, aponta André Brezolin, engenheiro de projeto FRAS-LE e FREMAX.

 

“No final de uma curva de raio longo, às vezes há alguma tendência de a frente do carro começar a seguir uma trajetória indesejada – normalmente seguindo a inércia. Então, o piloto dá apenas um toque leve no freio – aí, geralmente com o esquerdo, para não parar de acelerar na saída – para corrigir essa direção. No entanto, quem freia com o pé esquerdo usa mais pressão e consegue manter alguma aceleração para carregar velocidade para dentro das curvas; quem freia com o direito traz uma tendência a demonstrar um desgaste menor das pastilhas de freio e também se traduzindo até mesmo em economia de combustível. Mesmo assim, ele também consegue manter alguma aceleração para entrar na curva, mas usando o calcanhar, em uma técnica mundialmente conhecida como punta-taco, em que a frente do pé está no freio e a parte de trás no acelerador. No fim das contas, em termos de performance, os dois estilos se equivalem”, explica Brezolin.

 

Dos 24 pilotos que responderam à pesquisa FRAS-LE & FREMAX, 13 optam pelo uso do pé esquerdo; seis pelo pé direito e dois que variam o uso dos pés dependendo do tipo de curva ou de pista.

 

Freiam com o pé direito: Átila Abreu, Marcos Gomes, Rubens Barrichello, Thiago Camilo, Cacá Bueno, Júlio Campos e Lucas Foresti.

Freiam com o pé esquerdo: Diego Nunes, Gaetano di Mauro, Pedro Cardoso, Bruno Baptista, Denis Navarro, Gabriel Casagrande, Allam Khodair, Ricardo Zonta, Daniel Serra, Nelsinho Piquet, Guilherme Salas, Cesar Ramos e Rafael Suzuki.

Variam o pé na frenagem: Ricardo Maurício e Tuca Antoniazi.

 

Abaixo, o que cada um deles respondeu e justificou:

 

#70 DIEGO NUNES
Chevrolet Cruze, Blau Motorsport
“Freio com o pé esquerdo porque acostumei assim desde a Fórmula Renault. É mais rápido. E na GP2 não tinha como frear com o direito, só com esquerdo. Então foi uma adaptação bem rápida e tranquila. No carro de rua às vezes uso o direito e às vezes o esquerdo. Então, freio com o pé esquerdo desde de 2003”.

 

#11 GAETANO DI MAURO
Chevrolet Cruze, Vogel Motorsport
“Sempre com o pé esquerdo, desde o kart. É algo automático: no carro de rua freio com o pé direito, mas assim que entro em um carro de corrida, instintivamente o esquerdo é o que age no freio”.

 

#43 PEDRO CARDOSO
Chevrolet Cruze, RMattheis Motorsport
“No carro da Stock eu freio com o pé esquerdo, mas é uma escolha dos pilotos. Em alguns casos, os pilotos podem até fazer variação para trabalhar economia de combustível. Não foi uma adaptação demorada, porque no kart eu já freava com o esquerdo, e depois nos carros de fórmula também. Acho que se eu tivesse que mudar para o pé direito, aí sim precisaria me adaptar. No carro de rua, o correto e mais seguro é frear com o pé direito”.

 

#44 BRUNO BAPTISTA
Toyota Corolla, RCM Motorsport
“Eu freio com o pé esquerdo no Stock Car e com o direito no carro de rua. Desde o kart eu freio com o pé esquerdo porque é impossível usar o outro. Então, em todos os carros de competição eu sempre fui com o esquerdo: tenho mais sensibilidade e força na freada. No carro de rua, por conforto, vou com o direito e deixo o esquerdo descansando. Na estrada, vez ou outra acabo freando com o esquerdo”.

 

#5 DENIS NAVARRO
Chevrolet Cruze, Cavaleiro Sports
“Em todos os carros de competição que já pilotei e piloto eu só uso o pé esquerdo nas frenagens. No carro de rua, por questão de conforto e comodidade, freio com o direito como quase todos os motoristas”.

 

#28 GALID OSMAN
Chevrolet Cruze, Shell V-Power
“Freio com o pé esquerdo desde o kart. No carro de rua, normalmente uso o direito, mas se há alguma situação que exija um reflexo mais rápido, eu vou direto com o esquerdo para frear”.

 

#83 GABRIEL CASAGRANDE
Chevrolet Cruze, RMattheis Motorsport
“Nas ruas eu freio com o pé direito; no carro da Stock Car, como em qualquer outro carro de corrida, eu freio com o pé esquerdo”.

 

#4 JULIO CAMPOS
Chevrolet Cruze, Crown Racing
“Freio com o direito porque economizava muito combustível na época do câmbio sequencial de alavanca. Aí fiquei bem acostumado. No carro de rua freio com os dois pés, mas normalmente mais com o esquerdo”.

 

#18 ALLAM KHODAIR
Chevrolet Cruze, Blau Motorsport
“Sempre com o pé esquerdo, em todas as categorias nas quais corro e corri – inclusive no carro de rua – desde que seja automático”.

 

#80 MARCOS GOMES
Chevrolet Cruze, Cavaleiro Sports
“Freio com o direito porque quando corri na Stock Light não era possível frear com o esquerdo. No carro de rua também, com o direito. Já nos carros de GTs, freio com o pé esquerdo”.

 

#10 RICARDO ZONTA
Toyota Corolla, RCM Competições/Shell Racing
“Freio com o pé esquerdo em tudo, no Stock Car e no carro de rua. Sempre usei o pé esquerdo para frear, a vida toda”.

 

#90 RICARDO MAURÍCIO
Chevrolet Cruze, Eurofarma-RC Competições
“Uso o pé direito para freadas mais fortes, mas em algumas curvas de alta velocidade eu freio com o pé esquerdo. Nas frenagens mais fortes, tenho mais sensibilidade para não bloquear as rodas; em curvas de alta velocidade prefiro pé esquerdo para ajudar no posicionamento do carro. No carro de rua eu vario dependendo do dia”.

 

#29 DANIEL SERRA
Chevrolet Cruze, Eurofarma-RC Competições
“Freio sempre com o pé esquerdo”.

 

#111 RUBENS BARRICHELLO
Toyota Corolla, Mobil ALE Full Time Sports
“No Stock Car eu freio com o pé direito; no meu carro de rua eu uso o esquerdo”.

 

#54 TUCA ANTONIAZI
Chevrolet Cruze, Hot Car Competições
“Depende da pista. Normalmente eu freio com o pé direito, mas em pistas mais curtas, como o Velopark, eu freio mais com o esquerdo. Mas no carro de rua é sempre com o direito, para deixar o esquerdo descansando”.

 

#0 CACÁ BUENO
Chevrolet Cruze, Crown Racing
“Sempre com o pé direito, seja no Stock Car ou no carro de rua”.

 

#51 ÁTILA ABREU
Chevrolet Cruze, Shell V-Power/Crown Racing
“Já freei com o pé esquerdo na Stock Car, e depois de um tempo, por causa de balanço do carro e economia de combustível, eu passei a frear com o direito, e sigo assim até hoje. No carro de rua também uso o direito, porque tem mais sensibilidade”.

 

#12 LUCAS FORESTI
Chevrolet Cruze, Vogel Motorsport
“No Stock Car eu não vejo tanta vantagem em frear com o pé esquerdo. Acho que é mais questão de se habituar. No grid isso é bem dividido. Eu uso o pé direito para frear, mas usava o esquerdo quando corria de fórmula”.

 

#33 NELSINHO PIQUET
Toyota Corolla, Texaco Full Time Bassani
“Sempre freei com o pé esquerdo. Carro de corrida foi feito para isso. Já nos carros de rua, eu uso o direito”.

 

#117 MATÍAS ROSSI
Toyota Corolla, TGR Full Time Sports
“Eu freio com o pé esquerdo, desde o kart, porque gosto mais e me sinto mais cômodo e seguro. O direito é só para acelerar. No carro de rua, uso o direito. Só que no carro de corrida o feeling é melhor com o esquerdo para mim. Minha adaptação ao carro da Stock foi muito boa; as frenagens do carro da Stock Car são bem fortes”.

 

#85 GUILHERME SALAS
Chevrolet Cruze, KTF Sports
“Desde o kart, onde não há outra alternativa a não ser frear com o pé esquerdo, eu faço isso. Então, frear com o pé esquerdo se tornou algo natural para mim, mas no carro de rua eu uso o pé direito”.

 

#30 CESAR RAMOS
Toyota Corolla, Ipiranga Racing
“Desde quando passei a correr de fórmula na Europa, eu fui instruído a usar o pé esquerdo para frear. Inclusive na World Series, que foi a última categoria de fórmula que eu corri antes de vir para a Stock Car, o carro só tem dois pedais, porque a embreagem é atrás do volante, acionada na mão, e os pedais têm uma separação que tornava impossível usar o pé direito para frear. No Stock, embora eu possa ter essa opção, preferi manter usando o esquerdo – até consegui usar o direito, mas preferi continuar freando com o pé esquerdo porque não houve nenhuma diferença de desempenho. Acostumei tanto que em carro de rua automático eu também freio com o pé esquerdo”.

 

#21 THIAGO CAMILO
Toyota Corolla, Ipiranga Racing
“Só uso o pé direito para o freio, tanto no carro de rua como na Stock Car”.

 

#8 RAFAEL SUZUKI
Toyota Corolla, Full Time Bassani
“Freio com o pé esquerdo desde o kart, e quando comecei a pilotar os fórmulas foram raras as vezes que eu tive de frear com o direito, pois foram poucos carros que tive de usar embreagem, diferente dos mais antigos. Mas consigo usar o direito também; não acho que haveria alguma perda de desempenho. No carro de rua, mesmo sendo automático, freio com o direito. O esquerdo tem a questão da pressão, mais forte, e o direito, especialmente para quem é destro como eu, ajuda mais na precisão”.

 

A Stock Car disputa no final de semana dos dias 17 e 18 de outubro, em Mogi Guaçu (SP), no autódromo do Velo Città, a sétima e a oitava etapas da temporada 2020.

 

A FRAS-LE e a FREMAX são as fornecedoras oficiais de pastilhas e discos de freio da categoria, respectivamente, e trabalham em conjunto com as todas as equipes do grid para assegurar o melhor desempenho, segurança, eficiência e confiabilidade. A Fremax é a fornecedora dos discos desde 2004 e a Fras-le, desde 2016.

 

Vencedores até o momento na temporada:
Goiânia: Ricardo Zonta e Rubens Barrichello
São Paulo: Nelsinho Piquet e Ricardo Zonta
Londrina: Rafael Suzuki e Ricardo Maurício
Cascavel: Thiago Camilo, Bruno Baptista e Daniel Serra

 

Classificação do campeonato, após seis etapas (Top-10):
1º - Cesar Ramos – 146 pontos
2º - Ricardo Zonta - 132
3º - Thiago Camilo - 130
4º - Ricardo Maurício - 130
5º - Rubens Barrichello - 125
6º - Daniel Serra - 119
7º - Átila Abreu - 116
8º - Rafael Suzuki - 104
9º - Allam Khodair - 103
10º - Nelsinho Piquet - 99

 

Foto: Vanderley Soares

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